domingo, 11 de setembro de 2016

Uma professora nova vive saindo da sala. O que fazer?

O grupo de professores de uma escola, junto com os gestores, forma um coletivo que define a identidade da instituição.  Sempre que um novo docente chega, ele deve ser acolhido pelos colegas, orientado e colocado a par do funcionamento daquela unidade para naturalmente se inserir na equipe inclusive contribuindo com um olhar novo. Mas, nem sempre é isso que acontece.
Em uma escola onde faço assessoria, uma professora se aposentou e uma novata assumiu sua antiga turma de 3 anos.  Logo nos primeiros dias, notamos que a educadora saía com frequência para fazer alguma coisa na sala dos professores ou na secretaria, deixando os pequenos com a estagiária ou com uma colega da sala ao lado.  

A direção da escola já tinha observado a profissional conversando com funcionários sobre assuntos particulares no horário de aula.  No final da primeira semana, uma das professoras alertou que talvez a moça estivesse precisando de mais orientações, pois parecia um pouco perdida e talvez não estivesse acostumada a atender essa faixa etária.
Diante dessa situação, a coordenadora se planejou para estar mais na sala de aula. Logo na primeira visita, a gestora encontrou a docente no celular sentada de costas para as crianças e a orientou a não repetir tal comportamento. 
No mesmo dia, ao voltar para entregar-lhe um material, viu os pequenos correndo entre vários materiais espalhados pelo chão, enquanto a educadora folheava uma revista.  Assim que foi percebida no ambiente, recebeu a justificativa: “Estou vendo alguns vestidos de noiva, mas de olho nos pequenos”. 
Mas, os comentários acerca do comportamento da professora continuaram se repetindo e foi detectada a necessidade de uma intervenção ainda mais clara.
Ao contatar a supervisão da Secretaria de Educação para verificar a possibilidade de ter um estagiário fixo nessa turma, a diretora foi informada de que havia alguns relatórios de outra escola sobre o desempenho insatisfatório daquela docente.  
Então, ela decidiu marcar uma reunião e levar uma orientação escrita das atitudes inadequadas ocorridas na escola e explicitando as posturas esperadas.
Segundo a equipe gestora, a docente se mostrou surpresa com as reclamações a respeito do seu trabalho.  Talvez a falta de formação fosse o motivo, já que ainda não participava da horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) por ser substituta.
  A direção trouxe o caso para discutirmos na assessoria e, juntas, elencamos algumas possibilidades de encaminhamentos para qualificar a atuação da professora.  Eis a lista:
  • Organizar um momento para que a coordenadora atuar como professora de referência e a docente observe uma roda de conversa, hora da história e brincadeiras no pátio, com a tarefa de anotar as intervenções efetuadas;
  • Selecionar alguns textos sobre o desenvolvimento infantil, o papel do professor e a importância da rotina na sala de aula;
  • Utilizar vídeo que apresenta um dia de aula, mostrado na primeira reunião de pais, para uma tematização;
  • Mostrar outras situações didáticas filmadas que evidenciem a gestão de sala de aula, na mesma faixa etária, para posterior reflexão sobre os encaminhamentos pedagógicos;
  • Possibilitar que a professora observe a prática de outras colegas enquanto sua turma está com a monitora da sala de leitura.
Antes de colocar as ações em prática, foi combinado que a equipe gestora apresentaria as propostas para a profissional, já que era fundamental que ela se disponibilizasse a passar por esse processo.
Espero ter a oportunidade de contar para vocês quais foram os resultados alcançados, daqui a algum tempo.
Por acreditar na importância da formação e no papel dos bons modelos tenho certeza que a prática dessa professora será qualificada.  O que você acha?