terça-feira, 29 de novembro de 2016

Missão da Escola



Pertencemos a uma sociedade capitalista, competitiva, baseada em ações e resultados. Por isso, é necessário construir uma sociedade libertadora, crítica, reflexiva, democrática, integradora  e que seja fruto de relações saudáveis entre as pessoas, caracterizada pela interação das diversas culturas em que cada cidadão consolide a própria existência e a existência do coletivo, por meio de um movimento dialético que vai do individual para o social e vice-versa.

Assim, a missão desta escola é preparar e ver o aluno como um ser que precisa  aprender a construir os conhecimentos nas relações com o outro e com o seu entorno. Estamos imersos numa rede de aprendizagem coletiva em que todos os envolvidos vivem num processo contínuo de construção do conhecimento e são responsáveis por esse  conhecimento. A missão da rede de ensino destaca o processo percorrido pelo aluno, mas não desconsidera todos os sujeitos e as condições necessárias para a produção coletiva desse conhecimento. Para isso, todos os profissionais da educação envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, devem ter atitudes positivas e adequadas,  oferecendo uma educação que considere o aluno como ser pensante, atuante e capaz de participar ativamente dos processos pedagógicos no âmbito da escola e fora dela.

É de Jean Piaget a ideia de que o aprendizado é construído, e é a teoria desse pensador que inaugura a corrente construtivista, na qual o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz. Para que essa concepção se consolide, é importante “proporcionar  aos alunos condições de aprender a  construir seus conhecimentos com a mediação de todos os envolvidos”.

Outra fundamentação teórica para consolidar essa perspectiva da missão da rede parte dos estudos de Lev Vygotsky,  que faz uma reflexão sobre como o ser humano aprende. Nessa visão, o aluno chega ao conhecimento por meio da interação com o objeto a ser conhecido, no caso, o conteúdo a ser estudado. Nessa concepção, o aprendizado ser mediado e cabe à escola facilitar esse processo. O professor assume, nesse cenário educativo, a posição de mediador que apresenta desafios reais e orienta o aluno a buscar estratégias e soluções o tempo inteiro, tornando-se, dessa forma, o sujeito da própria aprendizagem. O erro nessa concepção é entendido como parte do percurso do aluno na construção do conhecimento, podendo refletir sobre o seu próprio processo. A aprendizagem é conquistada em atos contínuos, com níveis cada vez mais sofisticados e complexos. 

mediação do professor precisa ser planejada e intencional, apresentar boas perguntas, bons desafios e  situações problemas, que na concepção dessa rede são molas propulsoras para a construção de aprendizagens significativas. Quando os saberes são considerados e os alunos são convidados a participarem de forma atuante, tendo oportunidade de expressar suas opiniões, de buscar soluções para resolver os desafios, cria-se, na sala de aula, uma atmosfera propícia para que o aluno se sinta respeitado como um indivíduo de direito e não receba respostas prontas. Quando isso acontece, a capacidade dos alunos de construir  seus conhecimentos e de participar ativamente do processo é valorizada.

A mediação também se dá na organização do espaço e de materiais: de acordo com Henri Wallon, as emoções dependem, fundamentalmente, da organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto por sua representação. Nessa concepção, os espaços precisam ser planejados de forma intencional com materiais que vão ao encontro das necessidades de aprendizagem de cada faixa etária, numa atividade lúdica e pedagógica. O espaço também precisa promover a mobilidade, adaptado para que as crianças possam se movimentar com autonomia. Segundo as ideias de Wallon, a organização dos espaços precisa promover a fluidez das emoções e do pensamento, tão necessários para o desenvolvimento completo do ser humano, quando considerado com um ser global. A afetividade, as emoções, o movimento e o espaço físico se encontram num mesmo patamar. Asemoções, fundamental no desenvolvimento do ser humano, é a expressão dos desejos e vontades do aluno e neste sentido é fundamental que a escola ofereça formação integral, ou seja, intelectual, social e afetiva. Ressaltamos que, conforme Wallon afirma, na sala de aula e dentro da sala de aula, não deve estar apenas o corpo da criança, mas também suas emoções, sentimentos e sensações. A educação proposta nesta rede, considera o desenvolvimento intelectual do aluno dentro de uma cultura mais humanizada.

Isso não significa que a importância do currículo ou dos saberes do educador seja reduzida. Para John Dewey, (Nova Escola, 2008) o professor deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questões ou problemas e jamais dar de antemão respostas ou soluções prontas. Em lugar de começar com definições ou conceitos já elaborados, devem ser usados procedimentos que façam o aluno pensar, refletir e elaborar os próprios conceitos para depois confrontá-los com o conhecimento sistematizado. O princípio é que os alunos aprendam vivenciando situações práticas, associadas aos conteúdos ensinados. Situações estas que ganham destaque no currículo da rede municipal de ensino de Venda Nova do Imigrante, na qual os  alunos passam a ser estimulados a experimentar e pensar por si mesmos,propiciando-lhes a criação de procedimentos para a formulação de conceitos.

Assim, nossa rede de ensino concebe uma prática baseada na liberdade do aluno para elaborar as próprias certezas e construir os próprios conhecimentos, “...para conviver e atuar criticamente na sociedade dentro dos princípios de respeito e solidariedade”.Na visão deweyana, a educação é uma constante reconstrução de experiências, de forma a atribuir-lhe cada vez mais sentido e habilitar as novas gerações a responderem dignamente aos desafios da sociedade; afinal, as crianças não estão em determinado momento sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo. Educar, portanto, é mais do que transmitir ou reproduzir conhecimentos, é incentivar a busca desses conhecimentos e despertar no aluno o desejo de desenvolvimento contínuo, preparando-os como pessoas que se posicionarão de forma competente perante as injustiças na busca pelo bem de todos.

As ações realizadas na escola devem ir aos poucos imprimindo uma consciência de participação efetiva na comunidade, desenvolvendo o espírito do voluntariado, o senso de pesquisador, a coragem de expor as suas próprias ideias, saber ouvir e ser ouvido, respeitar opiniões, saber que pode opinar e posicionar-se. Os meninos e as meninas que passam por todas essas experiências no âmbito da escola e da sala de aula serão cada vez mais atuantes na sociedade onde vivem, posicionando-se com responsabilidade diante dos fatos e das questões cotidianas que lhes são apresentadas.

A rede municipal de ensino de Venda Nova do Imigrante busca aliar os conhecimentos científicos à vivência das crianças e dos adolescentes, considerando suas capacidades, habilidades e interesses, na construção de saberes que, mediados, se constituam em mecanismos críticos de atuação na sociedade.

Nesta perspectiva, nossa concepção de educação fundamenta-se em uma visão construtivista-sócio-interacionista, que parte do pressuposto que a criança/adolescente constrói seu conhecimento a medida em que interage com o meio em que vive e com as pessoas que fazem parte deste meio. Neste enfoque concebemos o aluno como um ser inquieto, sempre em busca de respostas e neste paradigma o professor assume um papel fundamental: de mediador do processo de ensino e aprendizagem. O professor proporciona os desafios aos alunos, para que eles encontrem as respostas as suas inquietações e dúvidas, neste sentido permite que o aluno construa realmente seu conhecimento, desenvolvendo competências e habilidades fundamentais para vivenciar este percurso.

Considera-se que essa seja a perspectiva de formar cidadãos que, independentemente, da cultura, escolaridade, e do nível socioeconômico, possam viver e conviver, comungando a igualdade de direitos e os princípios do respeito e da solidariedade nas diferenças.